Nas periferias das grandes cidades brasileiras, o estado de exceção é a norma. A população vive acuada entre o crime organizado e o aparato repressor do Estado. O racismo que cinde e estrutura a sociedade brasileira, nascida da violência fundadora da escravidão, se manifesta de modo perene na morte e encarceramento massivo da população negra. Por que o senhor atirou em mim?, de Fábio Morais, ecoa a pergunta do jovem Douglas Rodrigues, 17 anos, morto sem razão por um policial militar na periferia de São Paulo, em 2013. A fotografia da Usina de Itaipu faz o elo entre a imagem da grandeza nacional, projetada pela ditadura civil-militar, e a violência repressiva que deixou por legado. Caixa de brinquedo – 9mm, de Igor Vidor, tenciona os limites entre a violência encenada do jogo infantil e a violência real, embaralhamento de fronteiras vivido pelos jovens arregimentados pelo crime organizado. A faixa de Graziela Kunsch foi concebida para a campanha de libertação de Rafael Braga. O morador de rua foi o único
preso de Junho de 2013, sob a acusação absurda de que as garrafas de Pinho Sol que carregava eram destinadas à preparação de coquetéis molotovs.