Maria Bonomi: Elogio da Xilo

A exposição Maria Bonomi: Elogio da Xilo é a primeira de uma série de mostras pensadas para o espaço da Biblioteca Otávio Ianni, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Ao longo do ano, diferentes técnicas e artistas terão lugar, proporcionando aos frequentadores uma oportunidade de convívio com obras originais.

O conjunto que inaugura o ciclo de mostras dialoga com o universo dos livros. Seu título completo é Haroldo de Campos: o elogio da xilo/situações xilográficas: Maria Bonomi. Ao longo das trinta e sete folhas que compõem este livro-objeto (excluindo-se a página do colofão), vemos o desenrolar de variações gráficas em torno do poema O elogio da xilo, escrito por Campos para Bonomi em 1993. O poema viria a ser publicado em 1998, pela editora Perspectiva, no livro Crisantempo: no espaço curvo nasce um. Há ainda um desdobramento do livro-objeto, também presente nesta exposição: o vídeo homônimo, dirigido por Walter Silveira. Ambos (livro-objeto e vídeo) foram concluídos em 1994.

Por ocasião da organização desta mostra, Bonomi relembra a gênese do conjunto, num breve depoimento: “Haroldo passava um dia com Leonor Amarante no meu atelier. Estávamos preparando a exposição Xilogravura – do Cordel à Galeria [curada por Amarante], apresentada na Paraíba em novembro de 1993 e no Masp, em 1994.  Ele se encanta com as madeiras, com o trabalho que eu fazia e todo o afã daquela hora… Me dá de presente o poema dois dias depois, no meu aniversário (fiquei comovidíssima e deslumbrada, ele não era do métier carpina). O poema ainda quente exigia ser incorporado à mostra, cobravam uma fisicalidade coincidente, então parti para uma ilustração do texto que acabara de ganhar. Ao mesmo tempo, sendo filmada ao fazer e bolar um livro-objeto com madeirinhas gravadas. O Elogio da Xilo nasce junto: poema/livro/filme da obra sendo feita, provocada pela força do texto que acabara de nascer”.

Para coroar o ciclo de mostras na biblioteca, contaremos com a exposição permanente de outra obra de Maria Bonomi: uma de suas matrizes, gravada em ambos os lados. Numa face, a versão inicial de Tropicália (1992/93) e, no verso, uma das pranchas que compõem a xilogravura Plenilúnio, de 1987. Essa matriz é uma generosa doação da artista ao IFCH-Unicamp.

Priscila Sacchettin